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PALESTRAS
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Profa. Dra. Maria Cristina Franco Ferraz
Mestre em Letras pela PUC-RJ e doutora em Filosofia pela Universidade de Paris I-Sorbonne com três estágios pós-doutorais em Berlim, é Professora Titular de Teoria da Comunicação da UFRJ, onde atualmente coordena o mestrado Erasmus + Crossways in Cultural Narratives. Pesquisadora do CNPq, foi professora visitante nas universidades de Paris 8 e Perpignan (França), Richmond (EUA), Nova de Lisboa (Portugal) e Saint Andrews (Escócia).
Palestra 01: OS POROS DE EROS: DA PELE TEFLON AO EROTISMO ENTRE ESPÉCIES NA LITERATURA
Na mitologia grega, Eros é filho de Poros, expediente, divindade ligada à saída de impasses. O maior órgão de nosso corpo é a pele. Em vez de fechar o corpo, seus poros são uma interface, uma membrana de comunicação com as forças do outro, do mundo. A velocidade e imediatez de conexões e desconexões no regime 24/7, demandada pelo capitalismo financeirizado, tende a obliterar os poros, produzindo uma pele teflon, deslizante e impermeável como esse material inorgânico. Poros fechados impedem a circulação e disseminação de Eros sobre a pele, superfície dotada de profundidade. O texto literário solicita a abertura dos poros à vida, reerotizando o corpo blindado. A partir desse passeio pela mitologia grega e por um breve diagnóstico acerca do presente, iremos explorar a novela Meu tio o Iauaretê, de João Guimarães Rosa, na qual a pele sarapintada da literatura se abre para um erotismo interespécies: o namoro entre um ex onceiro e a onça Maria-Maria.
Dia 12 de junho, segunda-feira às 9h
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Prof. Dr. Junior Vasconcelos Amaral
Possui graduação e Licenciatura Plena em Filosofia pelo Centro Universitário Claretiano de Batatais, graduação em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia de Belo Horizonte, Mestrado em Teologia Bíblica pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia e doutorado sanduíche (Université Catholique de Louvain ) em Teologia pela FACULDADE JESUÍTA DE FILOSOFIA E TEOLOGIA. Atualmente é Professor do quadro permanente (adjunto 2) na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Palestra 02: "O amor tudo sofre":
Interface entre a Retórica Bíblica e a
Psicanálise
No texto bíblico grego de Paulo de Tarso, na I Cor 13,7, lê-se, em relação ao amor: "hé agápe (...) pánta stégei", que podemos aqui traduzir por: "O amor tudo sofre" ou "suporta", ou ainda "resiste". Para a retórica bíblica esta expressão, localizada na passagem paulina conhecida como "natureza do amor", também pode ser traduzida e entendida pela palavra "caridade". Segundo os estudiosos bíblicos o amor corresponde a essência da vida cristã, alicerçada no ensinamento e na práxis de Cristo. Em perspectiva psicanalítica, lendo o testemunho de dois grandes expoentes, Freud e Lacan, podemos observar o que representa o amor: Para Freud (1914/2010,p.2), "[...] é preciso começar a amar, para não adoecer [...]". Segundo Lacan (1964/2006, p. 255), "eu te amo, mas porque, inexplicavelmente, amo em ti mais do que tu [ ...]". Tais sentenças emblemáticas e curtas transferem ao leitor a caracterização do amor humano. O amor, em Psicanálise, está na ordem do desejo e do desamparo, que constituem, como o inconsciente, as condições de possibilidade para existirmos, de dizer-nos seres humano. Trabalharemos, desta maneira, o conceito de Paulo, "O amor tudo sofre", a partir do enfoque retórico literário e bíblico em dialética com a Psicanálise, que constitui uma ciência profícua para pensar a subjetivação humana e a expressão da subjetividade que é o amor. Nosso objetivo é percorrer alguns textos bíblicos a respeito do amor, sobretudo na perspectiva de Jesus de Nazaré, que afirma: "Amai-vos uns aos outros..." (Jo 13,34), permitindo desvelar a beleza e a riqueza do entrecruzar da retórica bíblica com a Psicanálise.
Dia 12 de junho, segunda-feira às 13h
Inscrição: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/login.xhtml
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Profa. Dra. Jaqueline Seabra
Doutora em Estudos Literários pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Doutora e Mestra em Estudos Literários pela UFJF. Em seus trabalhos, pesquisou sexualidade e gênero na literatura brasileira contemporânea. Atualmente, é coordenadora pedagógica na rede municipal de Juiz de Fora há mais de quinze anos.
Palestra 03: COLEÇÃO AMORES EXPRESSOS: O QUE ELA NOS DIZ SOBRE A SEXUALIDADE?
A Coleção Amores Expressos – com onze livros lançados até o momento – traz romances que suscitam importantes discussões em relação à sexualidade, como por exemplo: relacionamentos fugidios, o empoderamento feminino (ao lado da violência), o desempoderamento masculino e suas consequências, o aniquilamento da diferença (em se tratando da transexual Cleo), a morte dos homossexuais e quase ausência das personagens lésbicas. Todos esses aspectos têm muito a dizer sobre nossa realidade sexual brasileira, em que lado a lado convivem a abertura do diálogo e a repressão.
Dia 12 de junho, segunda-feira às 19h
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Profa. Dra. Simoni Ravizzini
Psicanalista. Possui graduação em Comunicação Social - Publicidade, pela Pontifícia Universidade Católica - PUC-RJ (1988), graduação em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense - UFF (1995), especialização em A Psicanálise e a Clínica, pela Universidade Federal Fluminense - UFF (1996), mestrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ (2000). Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ com a tese "A Concha Vazia do Amor: amor, contingência e semblante" (2016).
Palestra 04: A concha vazia do Amor
A trilha para este caminho se entreabre para a égide demarcada por Lacan de que o ser falante é um ser sem essência. Ele insiste em escapulir, tendo sua existência confinada ao exílio na medida em que, ao tentar se representar, precisa passar pelo significante. Neste movimento, algo é cifrado circunscrevendo, concomitantemente, um vazio inextirpável em seu advento.
Esta palestra se propõe, então, a discutir como o amor pode lidar com tal vazio sem se apresentar como uma enganação, mas como uma visão para além da miragem de completude tão afeita aos nosso tempos. Um amor que se escreve enlaçando dois seres em sua poesia, a pesar de nunca os fundir como um só ser, sustentando seu beijo tácito e sua sede infinita.
Dia 13 de junho, terça-feira às 9h
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Profa. Dra. Suyan Maria Castro Ferreira
Doutora em Educação. É graduada em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1990), Especialista em Leitura e Produção Textual pela Unilasalle (1999), Mestre em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2002) e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2009). Concluiu pós-doutoramento em Educação na PUCRS (2021).
Palestra 05: O AMOR ROMÂNTICO NA LITERATURA INFANTIL
É inerente ao ser humano o hábito de contar e ouvir histórias. Invariavelmente, essa prática corrobora a possibilidade de conhecermos mais dos outros ao mesmo tempo que nos revelamos. É importante marcar que a cultura é um campo de luta e altercação a fim de que determinados significados tenham sentido sobre outros. Sendo assim, acredito que as narrativas e as histórias são formas de conhecermos pessoas, de nos localizarmos no tempo, de atribuirmos conceitos, de legitimarmos comportamentos. Em relação às práticas de significação, podemos entender que os textos escritos e imagéticos, presentes nas obras literárias infantis, comunicam sentido, tanto para escritores quanto para leitores, isto é, de alguma forma o conteúdo presente naquele artefato representa reconhecimento, apreço ou importância para os sujeitos, ao mesmo tempo que os constitui.
Dia 13 de junho, terça-feira às 13h
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Prof. Dr. Leandro Assis Santos
Pós-Doutor em Filosofia pela Universidade Federal de Ouro Preto (2019) e Pós-Doutorando (início em 2022) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro com estudos sobre as noções de "erotismo" e "soberania" em Georges Bataille. Doutor em Filosofia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2018), instituição na qual também concluiu o Mestrado em Filosofia (2013). Possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal de São João Del-Rei (2010) e, ao longo de seu percurso acadêmico, atua como docente de Filosofia na Educação Básica (rede pública e privada de ensino) e no Ensino Superior.
Palestra 06: GEORGES BATAILLE: EROTISMO E SOBERANIA
A proposta de apresentação visa reconstruir a partir das reflexões de Georges Bataille (1897-1962) a noção-experiência do erotismo. Considerando este autor, deve-se percorrer, em linhas gerais, as três formas de erotismo, a saber, o erotismo dos corpos, o erotismo dos corações e o erotismo sagrado, embora, no presente contexto, aprofundaremos o erotismo ligado às expressões corpóreas. Para tanto, delimitar um affaire filosófico com as noções de dispêndio, transgressão, soberania e interdito são centrais, uma vez que nosso filósofo recorre a elementos de escatologia a fim de delimitar o espaço mais íntimo da corporeidade. Esta será entendida a partir de sua imanência, haja vista que não existe nenhuma perspectiva de metafísico ou religioso (guarda-se aqui a diferença com o sagrado) no interior da obra do pensador francês. Dessa maneira, nosso intuito é especificar o lugar mais próprio do esconjuro na vida humana, partindo do que é mais baixo e vil, como procede nosso autor. Partindo desse propósito, nossa pesquisa objetiva explicitar quais os meandros que perpassam a dinâmica mais própria dos prazeres que, por sua vez, delimitam o espaço de nossa corporeidade, bem como acerca da própria "carne" do mundo.
Dia 14 de junho, quarta-feira às 9h
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Prof. Me. Maria Genecleide Dias de Souza
Mestra em Letras pela Universidade Federal da Paraíba - PPGL
Palestra 07: O AMOR NOS TEMPOS DA EVELHESCÊNCIA: REVERBERAÇÕES DO DESEJO NA CONTÍSTICA LISPECTORIANA
Este trabalho apresenta uma leitura acerca das experiências flamejantes do desejo feminino no tempo da velhice. A natureza pulsional de vida e da morte, as inscrições melancólicas, seus dramas, seus corpos e suas imagens poeticamente escritas por Clarice Lispector e publicadas em contos. A análise se desenvolve apoiado nos contos: "Ruído de passos" e "A procura de uma dignidade". Os contornos da narrativa se desdobram a partir do deslocamento de um feminino experimentando a descoberta do desejo sexual na velhice. Deste modo, se enxerga este processo de desenvolvimento da vida, sem as polarizações de um sujeito no campo da senilidade, acometido de enfermidades e por ela demarcando os roteiros das suas histórias. Mas, de um indivíduo que possui as marcas do tempo transcritas no corpo, na memória e estas contribuem para o alicerçamento das suas subjetividades, onde o mesmo se constitui também a partir da senescência – o envelhecimento do corpo acontece de maneira natural devido à incidência da passagem do tempo. Assim é possível refletir sobre a multiplicidade que os contos clariceanos reverberam, como por exemplo: a sexualidade em "Ruído de passos", em que se torna flamejante o desejo da protagonista em ter relações sexuais. E os infortúnios de não concretizar suas vontades por ser uma pessoa idosa; já no conto "A procura de uma dignidade" a personagem se deleita lascivamente sobre a fantasia luxuriosa de estar com o cantor Roberto Carlos. Com efeito, este estudo trará elucidações propostas, sobretudo, pela teoria psicanalítica de base freudiana, na qual utilizará, também, outras vertentes pós-freudianas. Tendo como objetivo revelar a imagem da velhice, suas vivências, bem como, os contornos luxuriosos e melancólicos das personagens. Assim este trabalho almeja discutir os desejos experimentados pelas duas protagonistas, mas que se revelam fumegantes na velhice. Portanto pretende-se apaziguar os estereótipos e os conceitos pré-estabelecidos na feitura das suas imagens e seus corpos.
Dia 14 de junho, quarta-feira às 13h - Auditório 411 - CCHLA - UFPB
Inscrição: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/login.xhtml
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Prof. Dr. Reinaldo Furlan
Doutor em Filosofia (UNICAMP) - Possui graduação em Licenciatura Plena em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1982), mestrado em Filosofia pela Universidade Federal de São Carlos (1993) e doutorado em Filosofia pela Universidade Estadual de Campinas (1997). Realizou estágio de pós-doutoramento na Universidade Jean Moulin, Lyon 3, França (2013-2014), com bolsa Fapesp. Atualmente é professor livre-docente da Universidade de São Paulo. Atua como professor de filosofia no curso de psicologia (graduação e pós-graduação) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) - USP.
Palestra 08: AMOR E EROTISMO NA FENOMENOLOGIA
O convite que recebi para uma apresentação no II AMOLIT, veio ao encontro de um interesse que tenho, há algum tempo, de fazer um levantamento do tema do amor na fenomenologia, por meio de obras de fenomenólogos que estudei ao longo dos anos. Curiosamente, fato a ser pensado, são todos autores da filosofia francesa contemporânea. Em primeiro lugar, a obra de Maurice Merleau-Ponty, com a qual iniciei meus estudos de pós-graduação e que acompanho há mais tempo. A seguir, aquele que considero seu alter ego de pensamento, Jean Paul Sartre; alter ego pela proximidade no debate, por suas semelhanças e sobretudo diferenças. No caso de Sartre, nosso foco se limitará a sua obra principal, O Ser e o Nada. Depois deles, a filosofia de Michel Henry, aquele que, nada mais nada menos, propôs inverter toda a fenomenologia histórica, de Husserl a Heidegger e Merleau-Ponty. Ou seja, de toda a fenomenologia que parte do a priori da visibilidade do mundo, ou, simplesmente, do fenômeno, que, segundo sua raiz grega, significa "mostrar-se ou vir à luz do mundo". Mas para Henry, a vida, cuja essência é o sentir, é invisível, embora veja e apareça no mundo, pressuposto que terá consequências fundamentais para o seu entendimento do amor e do erotismo. A seguir, pretendemos passar pelo pensamento de Levinas em Totalidade e Infinito, que desloca da Ontologia para a Ética o campo de sentido da fenomenologia história, afirmando a ética como o campo originário e fundamental da razão humana a partir do Rosto de Outrem, que nos vem ao encontro de fora do mundo. Procuraremos ver como essa troca da ordem do sentido fundamental da experiência humana orienta suas reflexões sobre a questão do amor. Para encerrar, apresentaremos a temática do amor no pensamento de dois grandes fenomenólogos atuais, Jean-Luc Marion e Renaud Barbaras. De Marion, utilizaremos a obra O fenômeno erótico (Le phénomène érotique), que desenvolve uma fenomenologia que pretende mostrar a futilidade do mundo sem o amor de outrem; e de Barbaras, privilegiaremos a obra O desejo e o mundo (Le désir et le monde), que desenvolve uma via que nos parece conciliar os pressupostos da fenomenologia histórica (do ser no mundo) com os pressupostos da carne ou do sentir no pensamento de Michel Henry. Posto isso, são dois os objetivos dessa apresentação. Em primeiro lugar, fazer um levantamento com princípio de discussão, do tema do amor na fenomenologia, tomando alguns de seus autores mais destacados como pontos de referência. Em segundo lugar, mostrar a importância que essa discussão pode ter para o pensamento de nós mesmos, do mundo, da realidade e de seus paradoxos.
Dia 14 de junho, quinta-feira às 19h
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Profa. Dra. Mara Salgado
Psicóloga pela Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ). Mestra e doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com doutorado sanduíche no Consejo Superior de Investigaciones Científicas CSIC, em Madrid/Espanha. Professora do Departamento de Psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG Unidade Divinópolis.
Palestra 09: Quando o amor encontra o medo: notas críticas das (im)possibilidades de Eros frente às opressões sociais.
No livro "Mínima morália: reflexões sobre a vida danificada", escrito por Theodor W. Adorno em 1951, encontramos a afirmação do autor de que "só ama quem tem força para persistir no amor". Esta e outras passagens sobre o amor podem ser pinçadas do diálogo da Teoria Crítica da Sociedade com a psicanálise freudiana como vestígios sinuosos da dança de Eros, que ora se torna dissimulação da violenta moralidade contemporânea ora reivindica insistências no reconhecimento de objetos que podem ser amados, caso encontrem condições para produzir uma contraforça às manifestações do espírito endurecido pela dominação social. Tal discussão sobre as forças de Eros partem da compreensão da base pulsional do amor que, desde a infância, indica os desdobramentos do psiquismo frente às exigências culturais ou, se quisermos, das tramas objetivas dos processos de formação do indivíduo que enredam a burrice como resposta do pensamento que, com medo, aprendeu desde muito cedo a confundir o amor com o ódio. Considerar a base pulsional do amor significa levar em conta as exigências sociais distintas que orientam os indivíduos em suas relações com os próprios desejos, com o outro e com o mundo, num movimento erótico que é, antes de tudo, de suavização da rudeza presente nas relações primitivas. É nesse caminho que o amor representa a possibilidade de superação da natureza agressiva entre as pessoas. Por meio da erotização da sexualidade, as pessoas passaram a se poupar reciprocamente da violência e do pavor que originavam os rituais de sacrifícios primitivos, instaurando na cultura o cuidado e a ternura, ou seja, a possibilidade de superar o medo e a violência. No entanto, em condições de perpetuação da opressão – via relações do sistema capitalista – o estabelecimento de condições para o cuidado e o acolhimento das fragilidades que suscitam a ternura foi subsumido por formas de dominação específicas que transforma cada pessoa e seu grupo em inimigos a serem abatidos. Nesse sentido, o cuidado, que depende da persistência no amor, se encontra rebaixado em produção de privilégios de uns sobre os outros, em especial nas sociedades dos homens, na opressão do masculino sobre o feminino. Talvez a tarefa que não devemos perder de vista resida na reflexão sobre essa deformação do amor em ódio, reivindicar o amor, junto à autonomia, como meta humana para que possamos compartilhar o mundo ao invés de desesperançarmos dele.
Dia 15 de junho, quinta-feira às 9h
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Profa. Dra. Clarice Bieler
Mestrado e Doutorado em Psicologia Social - UERJ; Técnica em Assuntos Educacionais /Psicóloga do CAPSI CARIM/IPUB/UFRJ
Palestra 10: TROCAS AFETIVAS MÃE-BEBÊ E METAS DE SOCIALIZAÇÃO EMOCIONAL
Trocas afetivas mãe-bebê favorecem o desenvolvimento inicial, estabelecendo-se em contexto de interação social e podem ser impactadas por metas maternas. Esse estudo investigou trocas afetivas e tentativas de trocas afetivas, metas maternas de socialização emocional e associações entre esses domínios. Buscou-se fundamentos nas abordagens evolucionista e sociocultural dos estudos do desenvolvimento. Foram filmadas observações no domicílio de 20 mães e bebês de ambos os sexos (dois/três meses), e as mães foram entrevistadas. Realizou-se análise de vídeo e de conteúdo e os resultados indicaram, em média, 5,5 trocas e 13,8 tentativas por díade, e 2,38 turnos por troca. A mãe foi quem mais frequentemente promoveu trocas afetivas (90%) e tentativas de trocas afetivas (99%), pela fala. Nas trocas, o sorriso do bebê foi a expressão emocional predominante, e dos comportamentos afetivos maternos, a fala. A análise das entrevistas indicou valorização de metas de autonomia, prezando relações de proximidade, sem serem encontradas associações entre metas maternas e características das trocas analisadas.Certa complexidade já está presente nas trocas afetivas mãe-bebê no momento do desenvolvimento e contexto estudados. Novos estudos devem explorar contextos e variáveis sociodemográficas diversas. Acredita-se que esse estudo contribua para melhor compreensão das trocas afetivas mãe-bebê e promova novos estudos que ampliem o conhecimento dos mecanismos interacionais no desenvolvimento inicial.
Dia 15 de junho, quinta-feira às 13h
Inscrição: https://sigeventos.ufpb.br/eventos/login.xhtml
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Presley Henrique Martins
Doutorando em Ciência da Religião (UFJF; University of Copenhagen, Dinamarca) Me. em Ciências da Religião (PUCC) E-mail: presley.hmartins@gmail.com
Palestra 11: Amor e Repetição: da vida fragmentada à felicidade eterna em Kierkegaard
A obra do dinamarquês Søren Kierkegaard (1813 -1855) é vasta e de difícil classificação, visto que seu pensamento dialoga com as mais diversas áreas do conhecimento, o pensador de Copenhague não poupou tinta para levantar questões fundamentais da existência humana. Da filosofia à literatura, Kierkegaard procurou através de seus escritos investigar o que significa existir, bem como encontrar aquela verdade pela qual vale a pena viver e morrer. O que importa para o pensador subjetivo é adentrar sua realidade – tão própria que chega a ser incomunicável – e encontrar nas variações de si mesmo a si-mesmo. Embora a obra de Kierkegaard seja vasta e escrita em diferentes estilos e por diferentes pseudônimos, o amor é um tema que perpassa suas obras, conferindo um fio condutor e uma chave de leitura para a interpretação de seu pensamento. Em dinamarquês, há duas expressões para a palavra amor; Elskov (eros), que significa a dimensão erótica, natural e apaixonada; e Kjerlighed (ágape), que significa um amor mais elevado. E se por um lado o amor (eros) pode ser o que fragmenta o si-mesmo, ele (ágape) também pode ser a única possibilidade para alguém tornar- se si-mesmo, o que dependerá de uma repetição. O nosso objetivo neste trabalho é analisar a relação entre amor e repetição em Kierkegaard, tendo como ponto de partida o drama do jovem em A Repetição, obra publicada por Kierkegaard em 1843. Na obra supracitada, vemos um jovem sendo levado ao desespero ao se apaixonar por uma bela jovem, esse desespero decorre do fato de ele não conseguir repetir, manter a continuidade daquele amor romântico que sentira por ela. Esse amor é associado à recordação, assim, o jovem vive no passado, ficando fragmentado e impossibilitado de viver o seu presente. Na obra, Constantin Constantius, autor pseudônimo e personagem, sugere ao jovem realizar a repetição. No entanto, tendo o jovem desistido da tentativa, o próprio Constantius tenta realizá-la ao refazer uma viagem que fizera até Berlim. Constantius fracassa em sua tentativa, mas deixa o seu leitor com significativas reflexões para o entendimento da repetição. O problema da repetição concerne ao problema do movimento e do tornar-se si-mesmo. Em linhas gerais, estando o si- mesmo na temporalidade, ele sofre significativas transformações, todavia, ele não pode mudar completamente, pois já não seria o si-mesmo, mas também não pode permanecer o mesmo, uma vez que ele é temporal. A perda do si-mesmo é o desespero. Desse modo, o que será capaz de conferir continuidade ao si-mesmo, mantendo aquilo que é essencial nas transformações que sofre na temporalidade? Nossa hipótese é que no pensamento de Kierkegaard o amor recupera o que o tempo fragmenta. No entanto, esse amor não pode ser entendido nem como abandono do estético, nem como abandono do religioso, mas como um movimento de repetição. Para sustentar essa hipótese, primeiro, entraremos na biografia de Kierkegaard, entendendo o contexto da publicação da obra, seu relacionamento com Regine Olsen, bem como sua própria tarefa enquanto escritor como modo de apropriação subjetiva a partir de sua paixão infinita. Isto feito, discutiremos alguns conceitos como angústia e desespero, problematizando o amor estético e a passagem do estético ao religioso. Por fim, tendo chegado ao amor religioso (ágape), retornaremos ao estético (eros), caracterizando esse movimento de abandono e retorno como repetição e condição para construção de uma felicidade eterna, que significa a realização do si-mesmo articulado entre o eterno e o temporal.
Dia 15 de junho, quinta-feira às 19h
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Profa. Ma. Rariela Salustino
Mestrado em Póeticas da Subjetividade, pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Reside, atulamente, na cidade do Porto, em Portugal.
Palestra 12: Eros arde em palavras: o ato criativo e a saturação da violência em Valter Hugo Mãe
A arte ganha uma importância renovada, numa época de terrorismo, notícias falsas e incerteza generalizada sobre quase tudo. O poder da literatura, diante da violência, é torná-la visível para nós em seus feitos mais concretos, "provocando" os autores a falar de destruição, antes para enunciar do que propriamente denunciar. Nesse contexto, o romance "o remorço de baltazar serapiao" não se inscreve com o intuito de questionar as causas da violência, ao contrário, situa-se na guerra dos extintos que se trava para captar a atenção do leitor perante uma conjuntura de saturação de imagens e discursos indigestamente cognoscíveis e violentos, fragmentando e desfazendo a imagem que temos do "amor romântico", num teatro de carnificina diante dos nossos olhos, tornando-o bizarramente opaco. Num ambiente de seres assombrados por dramas coletivos que afetam e abalam os destinos individuais, a obra se passa num tempo remoto, despindo uma série de questões ultrapassadas, porém, presentes e centrais em nosso tempo, nosso mundo e a maneira como ainda carregamos as marcas de uma civilização desesperadamente esgotada pela violência, pautada em valores decadentes. Visamos estudar o tema de Eros, à luz da psicanálise, diante da brutalidade na obra de Valter Hugo Mãe, buscando demonstrar que o ardor da violência cotidiana pode ser lida como manifestação coletiva de derrotas individuais, mediante a dor da alma que aprisiona os corpos e os corações.
Dia 16 de junho, quinta-feira às 9h
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Profa. Dra. Christini Roman de Lima
Doutora em Letras pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É bolsista de Pós-doutorado Júnior do CNPq junto à Universidade Feevale (RS). Publicou a obra Sob as cores da barbárie: o imaginário da segunda guerra mundial no horizonte literário brasileiro e português (Ed. UFRGS, 2021).
Palestra 13: AMOR EM NEGATIVO: O LADO OBSCURO DE EROS
No mito da Genealogia dos Deuses Gregos, Hesíodo caracteriza, em sua Teogonia (século VIII-VII a.C), o nascimento dos deuses Olímpicos como ocorrido em concomitância com o nascimento do universo e dos homens. A concepção das "potências cosmogônicas", por seu turno, incorreu em uma controvérsia no que tange a, para uns, comporem-se de três entidades e, para outros, de quatro, sejam elas Caos, Terra e Eros ou Caos, Terra, Tártaro e Eros. Segundo Junito de Souza Brandão, em Mitologia Grega II (1987), o mito de Eros sofre, ao longo do tempo, algumas transformações. O deus do amor ou do desejo (conforme algumas traduções) seria o mais belo entre os deuses imortais. Todavia, ele é pintado por Hesíodo como aquele que dilacera membros e transtorna juízos tanto dos deuses, quanto dos homens. Platão, no Banquete, estabelece uma genealogia própria a Eros. Por meio da Sacerdotisa Diotima, Platão relaciona sua progenitura à deusa Penía (Pobreza, falta) e ao deus Póros (Expediente, abundância) que o teriam concebido em um banquete em honra à Afrodite. Eros seria, assim, uma força ou uma energia que seguiria perpetuamente insatisfeito e inquieto em busca de plenitude; seria, entretanto, uma potência em movimento que reverberaria em ato criador e, no seu revés, destruidor. Na proposta de comunicação aqui apresentada, buscar-se-á a perspectiva em negativo de Eros; a potência violenta que impele à tomada do objeto de desejo em total desconsideração com a parte possuída – com o Outro desejado. O abuso seria, a partir dessa concepção, o lado obscuro de Eros ou o -L (menos Love/amor), conceito extraído da formulação de Wilfred Bion. A representação ficcional, como expoente de mundos, tempos e realidades distintas, é também expressão singular das força e violência de Eros/desejo/amor inscritos no corpo dos textos. Nesse sentido, a perspectiva aqui apreendida voltará os olhos para a potência representacional do retrato brasileiro contemporâneo, exteriorizado em Desesterro (Record, 2015), romance de Sheyla Smanioto.